EXCLUSIVO, Por André Beltrão — A vereadora Ana Lúcia do Rego Ferreira (Republicanos), aliada do prefeito João Campos (PSB) e atual presidente da Comissão de Educação, Cultura, Turismo e Esportes da Câmara do Recife, está sendo processada por assédio moral, pressão psicológica, desvio de função e pagamentos clandestinos. A ação foi movida por Lucas Emanuel de Oliveira, que trabalhou no gabinete da parlamentar entre 2021 e 2024, contratado pela empresa terceirizada AJ Serviços.
Lucas relata ter sido submetido as jornadas de trabalho exaustivas, cobranças fora do expediente, constrangimentos públicos e atividades que iam além das suas atribuições contratuais. Contratado como digitador, ele afirma que atuava como assessor parlamentar de fato, sendo responsável por redes sociais, produção de conteúdo, acompanhamento de eventos e audiências, inclusive fora do horário de trabalho.
Entre os episódios relatados, o ex-funcionário afirma que era obrigado a acompanhar a vereadora em compromissos pessoais e cultos da Igreja Universal aos domingos, registrando imagens e vídeos para as redes sociais dela. “Fui forçado a exercer atividades que não condiziam com o meu cargo e, muitas vezes, sem qualquer pagamento adicional”, afirma.
Além disso, ele aponta que era constantemente alvo de cobranças ríspidas, como mensagens em horários noturnos e feriados e desvalorização profissional. Lucas também afirma ter sido pressionado a transferir seu título eleitoral para o Recife, o que pode indicar possível uso da estrutura do gabinete para fins
O desgaste emocional foi tão intenso que, segundo laudos médicos apresentados, Lucas desenvolveu Síndrome de Burnout, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Depressão Grave e Síndrome do Pânico. “Tentei suicídio em alguns momentos. Minha saúde mental foi devastada pelo ambiente de trabalho”, relata.
A ação foi ajuizada pelo advogado Dr. Alexandre Borba, com base em 255 provas documentais, incluindo mensagens, áudios, escalas e ordens atribuídas também a Luís Victor do Rego Ferreira, filho da vereadora, que segundo o denunciante exercia autoridade sobre os funcionários mesmo sem cargo oficial.
O processo, que não corre em segredo de justiça, pode ser consultado por qualquer cidadão no Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, sob o número 0000174-06.2025.5.06.0013. O valor da causa é estimado em R$ 341.318,19 e a audiência de conciliação está marcada para o dia 24 de abril.
Lucas afirma que decidiu tornar o caso público para dar visibilidade a uma realidade que, segundo ele, não é isolada na Câmara do Recife. “Se minha denúncia puder ajudar outras pessoas a reconhecer e combater esse tipo de abuso, já será um avanço importante”, afirma.