Morre Bento 16, o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos
Publicada em 31/12/22 às 14:00h - 57 visualizações
por CIDADANIA FM 87,9 JABOATAO
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(Foto: CIDADANIA FM 87,9 JABOATAO)
Morreu hoje, aos 95 anos, o papa emérito Bento 16. Ele faleceu em um antigo convento dentro dos jardins do Vaticano, onde vivia desde 2013, longe dos holofotes.
5 pontos para entender quem foi Bento 16
Primeiro papa a renunciar em quase 600 anos de história da Igreja Católica.
Foi papa por apenas 8 anos.
Depois de sua decisão, em 2013, recebeu o título de papa emérito.
Seu pontificado ficou marcado pela forma como tratou casos de abuso sexual e o chamado escândalo Vatileaks.
Ao renunciar, alegou problemas de saúde, mas os reais motivos nunca ficaram claros.
Segundo nota do Vaticano, Bento 16 morreu às 9h34 (5h34 no horário de Brasília). O corpo será velado na Basílica de São Pedro a partir de segunda-feira (2), para receber o último adeus dos fiéis, anunciou o Vaticano.
No último vídeo dele, divulgado pelo Vaticano em agosto por ocasião da tradicional visita dos novos cardeais, Bento 16 apareceu magro e debilitado, com um aparelho auditivo, incapaz de falar.
Joseph Ratzinger nasceu na Alemanha no dia 16 de abril de 1927.
Acompanhe a trajetória do papa Bento 16
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1938 - O garoto Joseph (à esq.), o irmão, Georg, a mãe, Maria, a irmã, também Maria, e o pai, Josef, em foto familiar... mais
KNA/Reuters
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1943 - A agência católica de fotos KNA divulgou foto de 1943 em que o alemão Joseph Ratzinger está com uniforme da unidade de defesa antiaérea na qual atuou perto de Munique, durante a Segunda Guerra Mundial
1952 - Foto de arquivo tirada no verão de 1952 em que o então padre Joseph Ratzinger celebra missa ao ar livre em região bávara próxima a Ruhpolding, na Alemanha
KNA/AFP
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Foto de arquivo feita entre 1962 e 1965 em que Joseph Ratzinger (à esq.), então professor de teologia recebe conselhos do então cardeal de Colônia, Joseph Frings, no Vaticano
AFP
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14.set.1965 - O alemão Joseph Ratzinger ainda quando era professor na Universidade de Regensburg em 1965
KNA/Reuters
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1978 - Ratzinger é fotografado ao lado da Mãe Teresa de Calcutá, em Freiburg, na Alemanha
Em foto de arquivo não datada, o então cardeal Joseph Ratzinger toca piano
KNA/Reuters
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5.jun.1994 - Joseph Ratzinger (à esq.) comemora, em Fulda, na Alemanha, o aniversário do martírio de são Bonifácio
KNA/AFP
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22.dez.2003 - O papa João Paulo 2º (à dir.) cumprimenta o então cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Congregação da Igreja Católica para a Doutrina da Fé, durante a tradicional troca de saudações de Natal no Vaticano em 2003. Ratzinger sucedeu João Paulo 2º após a morte dele em 2005 e se tornou Bento 16
19.abr.2005 - O alemão Joseph Ratzinger, agora conhecido como Bento 16, acena para multidão a partir da janela da varanda principal da Basílica de São Pedro, no Vaticano, depois de ser eleito o 265º papa da Igreja Católica Romana. Ao completar 85 anos, em 2012, ele se tornou o papa mais velho em exercício desde 1903
20.abr.2005 - Papa Bento 16 faz sua primeira aparição na janela dos aposentos papais na praça São Pedro, no Vaticano. Em seu discurso, o pontífice disse a dezenas de milhares de fiéis que manteria a tradição de seu predecessor, João Paulo 2º
28.nov.2006 - O papa Bento 16 com Recep Tayyip Erdogan, primeiro-ministro turco, durante visita a Ancara. Em sua primeira viagem a um país muçulmano, o pontífice procurou amenizar as críticas ao islamismo e o racha com os cristãos ortodoxos
28.nov.2006 - O papa Bento 16 e Ali Bardakoglu, clérigo responsável por questões religiosas no governo da Turquia, se cumprimentam em Ancara, no primeiro dia de viagem do sumo pontífice ao país. O papa pediu um diálogo entre as religiões
29.nov.2006 - O papa Bento 16 se encontra com o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu 1º, na igreja de São Jorge, em Istambul (Turquia). Bartolomeu 1º agradeceu a Bento 16 pelos passos dados em direção à reunificação das duas fés. Em resposta, o papa qualificou o encontro como "pleno de autêntica vontade e significado eclesiástico"
12.mai.2007 - O papa Bento 16 é aplaudido por fiéis ao chegar a bordo do Papamóvel, no pátio da Basílica de Aparecida do Norte (SP), para celebrar missa
13.jun.2008 - George W. Bush, então presidente norte-americano, visita os jardins do Vaticano com o papa Bento 16. Bush foi um dos poucos convidados ao local de preces reservado para o pontífice
Evan Vucci/AP
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13.nov.2008 - A então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, hoje presidente da República, cumprimenta o papa Bento 16 no Vaticano diante da então primeira-dama, Marisa Letícia, e de Lula
Ricardo Stuckert/Presidência da República
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8.mai.2009 - Em visita à Jordânia, em 2009, o papa Bento 16 foi recebido pelo rei Abdullah 2º (centro) e pela rainha Rania
12.mai.2009 - Em visita a Israel, papa Bento 16 faz oração em frente ao Muro das Lamentações, onde também depositou um desejo. O muro é considerado o local mais sagrado do judaísmo
11.mai.2010 - Papa Bento 16 conversa com o então presidente português Anibal Cavaco Silva no aeroporto de Lisboa, durante visita de quatro dias a Portugal
16.set.2010 - A rainha Elizabeth 2ª e o papa Bento 16 trocam presentes no palácio de Holyroodhouse, em Edimburgo, na Escócia. O papa Bento 16 visitou o Reino Unido quase 500 anos após a ruptura do rei Henrique 8º com a Igreja Católica
17.set.2010 - Fiéis acompanham missa celebrada pelo papa Bento 16 na capela da St Mary's University College, em Londres. No culto, seu primeiro pronunciamento no Reino Unido, diante da rainha Elizabeth 2ª, Bento 16 falou sobre "uma tirania nazista que tenta erradicar Deus da sociedade", ligando ateus a nazistas
28.jun.2011 - Papa Bento 16 usa tablet para publicar o seu primeiro tuíte pelo portal www.news.va. Em 2012, ele criou uma conta pessoal, em @pontifex. "Queridos amigos, eu me uno a vocês com alegria por meio do Twitter. Agradeço por sua resposta generosa. Eu os abençoo a todos de coração", escreveu o pontífice. A mensagem foi divulgada em outros sete idiomas: italiano, espanhol, português, alemão, francês, árabe e polonês
16.nov.2011 - A grife Benetton, famosa por suas propagandas polêmicas, fez uma montagem em que o papa Bento 16 e Ahmed el Tayeb, imã da mesquita Al Azhar, se beijavam. Eles não eram os únicos que apareciam nas montagens, estreladas também, entre outros, pelo presidente americano, Barack Obama, beijando o líder venezuelano, Hugo Chávez, e o chefe de Estado francês, Nicolas Sarkozy, fazendo o mesmo com a chanceler alemã, Angela Merkel. Em 2012, o Vaticano ganhou uma ação para retirar a imagem da campanha
24.mar.2012 - O papa Bento 16 desembarca em Leon ao lado do presidente do México, Felipe Calderón, e da primeira-dama, Margarita Zavala, para visita de três dias ao país. O papa foi recebido por mais de 600 mil pessoas
26.mar.2012 - Papa Bento 16 abençoa cubanos que participaram da Santa Missa realizada em comemoração ao 400º aniversário da descoberta da imagem da Virgem da Caridade de Cobre, em Santiago de Cuba
27.mar.2012 - O papa Bento 16 se encontrou com o presidente de Cuba, Raúl Castro, no Palácio da Revolução, em Havana. No primeiro discurso, Bento 16 elogiou a "maior colaboração" entre Igreja e Estado, mas acrescentou que "ainda restam muitos aspectos nos quais se pode e se deve avançar"
28.mar.2012 - Papa Bento 16 se encontrou com o ex-líder cubano Fidel Castro, em Havana. A reunião ocorreu após o pontífice oficiar uma missa pública na capital de Cuba. Em seu discurso de despedida, pediu exercício pleno de 'liberdades' e fim de embargo no país
5.abr.2012 - O papa Bento 16 celebra na Basílica de São João de Latrão, em Roma, na Itália, a missa da Última Ceia, na qual tradicionalmente lava os pés de 12 presbíteros
16.abr.2012 - Fiéis e clérigos se reuniram ao redor da pia batismal do papa Bento 16 durante as orações na igreja em Marktl, sul da Alemanha, para comemorar 85º aniversário do papa
2.mai.2012 - O papa Bento 16 reza em frente ao Santo Sudário, manto no qual de acordo com a tradição foi envolvido o corpo de Jesus Cristo, na catedral de Turim (Itália), capital da região italiana do Piemonte. "Esta é uma ocasião propícia para contemplar o mistério que fala silenciosamente ao coração dos homens, convidando a reconhecer o semblante de Deus"
16.set.2012 - Papa Bento 16 reza durante missa celebrada para cerca de 350 mil pessoas em Beirute, no Líbano, no último dia de sua visita ao país. Ele pediu para que os cristãos se empenhem para acabar com "o caminho sombrio da morte e da destruição" na região. "Eu apelo a todos para serem pacificadores"
20.nov.2012 - O presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, dom Gianfranco Ravasi (centro), e o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, representaram o papa Bento 16 durante o lançamento de "Infância de Jesus", no Vaticano. O livro finaliza a trilogia sobre a vida de Jesus de Nazaré, iniciada quando o papa ainda era cardeal
12.dez.2012 - "Queridos amigos, eu me uno a vocês com alegria por meio do Twitter. Agradeço por sua resposta generosa. Eu os abençoo a todos de coração", tuitou o papa Bento 16 em sua conta @pontifex. Em 40 minutos, sua mensagem foi retuitada em sua versão em inglês 15.600 vezes. O texto foi divulgado em outros sete idiomas: italiano, espanhol, português, alemão, francês, árabe e polonês
17.dez.2012 - O papa Bento 16 recebeu a visita do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, no Vaticano, junto a quem defendeu uma saída justa e duradoura para o conflito israelense-palestino
22.dez.2012 - O papa Bento 16 perdoou o ex-mordomo Paolo Gabriele, que roubou documentos confidenciais do pontífice e do secretário dele e os repassou à imprensa. O escândalo, conhecido como Vatileaks, abalou as estruturas da Igreja Católica, que endureceu a punição para Gabriele, condenando o antigo empregado a 18 meses de prisão
25.dez.2012 - Papa Bento 16 deixa a basílica de São Pedro, no Vaticano, após celebrar a Missa do Galo. Durante a missa, o papa criticou a violência religiosa e a rejeição a Deus
25.dez.2012 -Papa Bento 16 celebra a tradicional Missa do Galo na basílica de São Pedro, no Vaticano. Durante a missa, o papa criticou a violência religiosa e a rejeição a Deus
13.jan.2013 - Ativistas ucranianas do grupo Femen protestam seminuas na praça São Pedro, no Vaticano; frases como "Nos gays nós acreditamos" e "cale a boca" estavam pintadas no corpo das manifestantes
15.mai.2009 - Papa Bento 16 ora no o tradicional local onde Jesus foi sepultado, no interior da igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Após oito anos no cargo, o pontífice anuncia sua renúncia
L'Osservatore Romano/AP
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16.jun.2010 - Papa Bento 16 finaliza audiência geral semanal na praça de São Pedro, no Vaticano. Após oito anos no cargo, o pontífice anuncia sua renúncia
Gregorio Borgia/AP
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11.fev.2013 - Papa Bento 16 lê documento em latim que anuncia sua renúncia durante uma reunião de cardeais realizada no Vaticano. O pontífice é o primeiro a deixar o cargo em cerca de 600 anos
L'Osservatore Romano/AP
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13.fev.2013 - O papa Bento 16 acena para fiéis ao entrar no salão Paulo 6º, no Vaticano, para audiência semanal. No primeiro evento público do papa depois de anunciar sua renúncia, ele foi ovacionado pela multidão que o acompanhava
13.fev.2013 - Papa Bento 16 deixa o salão Paulo 6º, no Vaticano, ao final da primeira audiência pública depois de anunciar sua renúncia. Ele disse a milhares de fiéis que estava deixando o cargo para "o bem da igreja"
13.fev.2013 - Fiéis demonstram apoio ao papa Bento 16, no salão Paulo 6º, no Vaticano. No primeiro evento público do papa depois de anunciar sua renúncia, ele foi ovacionado pela multidão que o acompanhava. Nos cartazes, as frases: "Não antepor nada ao amor de Cristo", à esquerda, e "Obrigado, Vossa Santidade"
13.fev.2013 - Papa Bento 16 celebra missa da Quarta-feira de Cinzas na basílica de São Pedro, no Vaticano. Mais cedo, Bento 16 disse, em sua primeira aparição pública após o anúncio de sua renúncia ao pontificado, que decidiu deixar de ser papa "pelo bem da Igreja"
13.fev.2013 - Papa Bento 16 celebra missa da Quarta-feira de Cinzas na basílica de São Pedro, no Vaticano. Mais cedo, Bento 16 disse, em sua primeira aparição pública após o anúncio de sua renúncia ao pontificado, que decidiu deixar de ser papa "pelo bem da Igreja"
Na adolescência, estudou grego e latim, e mais tarde se doutorou em teologia pela Universidade de Munique.
Foi professor de Teologia durante 25 anos na Alemanha, antes de ser nomeado arcebispo de Munique.
Em seguida virou o guardião do dogma da Igreja Católica durante outros 25 anos em Roma.
Foi escolhido papa em abril de 2005, aos 78 anos, para suceder João Paulo 2º (1920-2005), um dos pontífices mais populares da história.
Renúncia
Se não por seus inúmeros escritos, livros e discursos teológicos, produzidos antes e durante o seu pontificado, Ratzinger certamente entrou para a história como o papa da modernidade que renunciou - apenas outros quatro o fizeram antes dele.
O último foi Gregório 12, em 1415, mas em circunstâncias completamente diferentes, pois buscava acabar com um cisma na Igreja.
Já Bento 16 renunciou aos 85 anos, em um discurso em latim, no dia 11 de fevereiro de 2013, justificando que a idade avançada lhe tirava forças para poder governar.
No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor, seja do corpo, seja do ânimo, vigor que, nos últimos meses, em mim diminuiu, de modo tal a ter que reconhecer minha incapacidade de administrar bem o ministério a mim confiadoBento 16 em uma reunião com cardeais no Vaticano.
A decisão foi tomada após a viagem ao México e a Cuba, em março de 2012. Em entrevista ao jornalista Peter Seewald, no livro "O Último Testamento", Ratzinger disse que se comoveu com a fé do povo latino-americano, mas também foram dias em que experimentou os limites de sua resistência física. Na visita, ele chegou a cair e ferir a cabeça.
"Percebi que não seria mais capaz de enfrentar, no futuro, outros voos transoceânicos, pelo problema do fuso horário. Ficou claro que não conseguiria participar da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, em 2013", explicou.
Contudo, outros papas idosos, em condições até piores, como Pio 12, Paulo 6º e João Paulo 2º, cogitaram renunciar, mas nunca o fizeram. Somando-se a isso o contexto anterior à renúncia, tumultuado do ponto de vista político, surgiram especulações sobre os verdadeiros motivos de Bento 16 para deixar o ministério petrino.
Vatileaks e casos de abuso
O chamado escândalo Vatileaks, no qual um mordomo roubou documentos do papa e o entregou a supostos algozes, demonstrou que era grande a hostilidade de membros da Cúria Romana a qualquer reforma na Igreja Católica.
Além disso, a corrupção sistêmica no Instituto de Obras Religiosas (IOR, conhecido como banco do Vaticano) e o sempre presente problema dos abusos sexuais praticados por membros da Igreja assombraram os últimos anos do seu papado.
No seu "Último Testamento", o papa alemão reconheceu que administrar não era o seu ponto forte. Mas procurou minimizar o peso desses problemas na sua decisão.
"As coisas tinham sido todas esclarecidas. Não é possível que alguém renuncie quando as coisas não estão no lugar", disse. "Ninguém tentou me chantagear. Eu não teria permitido. Graças a Deus, eu estava no estado de ânimo pacífico de quem tinha superado as dificuldades."
Enquanto cardeal, ele foi arcebispo de Munique e Freising, na Alemanha, entre 1977 e 1982. Segundo o relatório publicado, o papa emérito se omitiu em quatro casos de abuso na divisão da igreja.
Grupos tradicionalistas e islamismo
De acordo com o padre e historiador italiano Roberto Regoli, autor do livro "Além da Crise da Igreja", "o papado de Bento 16 é significativo não só pela sua imprevisível conclusão —a renúncia com a criação do papado emérito—, mas também pelas questões que foram abertas por ele e ainda não concluídas", escreve.
Entre essas questões estão as difíceis relações com outras comunidades cristãs, pois Bento 16 abriu as portas para que cristãos de outras tradições migrassem ao catolicismo e deu mais espaço a grupos tradicionalistas, por exemplo.
E também com outras religiões, como o islamismo. O famoso discurso de Ratisbona marcou a linha do diálogo inter-religioso em seu pontificado.
Papa teólogo, Bento 16 procurou em seus oito anos de pontificado usar a razão para fazer um convite ao mundo que considera essencial: o de recuperar a sua fé.
"O verdadeiro problema neste nosso momento da história é que Deus desaparece do horizonte dos homens", declarou a Peter Seewald. "Com o apagar da luz proveniente de Deus, os efeitos destrutivos [dessa desorientação] se manifestam cada vez mais."
Condenou casamento homossexual
Em 2021, o papa emérito publicou um novo livro, batizado de "La vera Europa" (A Verdadeira Europa, em tradução livre), em que fez duras críticas ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A postura difere da que seu sucessor adotou —Francisco já demonstrou apoio as leis civis que protegem a união entre pessoas do mesmo sexo. O líder da Igreja Católica, contudo, deixou claro que o matrimônio, um sacramento, é "só entre um homem e uma mulher".
Apesar das divergências, Francisco e Bento mantinham boa relação.
"A sua oração e sua presença discreta e encorajadora nos acompanham no caminho comum", disse o papa Francisco sobre o antecessor, em novembro de 2017.
"Sua obra e seu magistério continuam a ser uma herança viva e preciosa para a igreja. Continua a ser um mestre e um interlocutor amigo para todos os que exercitam o dom da razão para responder à vocação humana de buscar a verdade."
Fonte: UOL
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